1.1.1. A Esquizofrenia
Ao longo da história sempre se
encontraram casos com sintomas semelhantes à esquizofrenia. Contudo somente no século
XIX, em 1808, é que investigadores como John Haslam, (em Inglaterra) e Philipe
Pinel (em França) desenvolveram o que se pode considerar as primeiras
tentativas de descrever, de uma forma sistemática e objectiva, casos clínicos
com este tipo de problemática. Posteriormente, foram muitos os investigadores
que vieram a interessar-se por esta perturbação e desenvolveram trabalhos que
permitiram descrever e compreender os sintomas e características da doença. As
alterações no pensamento, na linguagem e no comportamento, descritos como
Hebefrenia por Hecker, além de estados catatónicos caracterizados por estupor e
rigidez muscular e descritos por Kahlbaum em 1874, são disso exemplos (Lehmann,
1975), citado por Amaro (2005).
Podemos também referir Emil Kraepelin
(1856-1926) como o investigador que teve o mérito de agrupar sob a designação
de “Demência Precoce” um conjunto vasto de sintomatologias e fenomenologia
clínica que descrevia a doença. O termo “precoce” referia-se ao facto da
deterioração surgir numa idade jovem, sendo a palavra usada como oposição a
senil. Finalmente em 1908, Bleuler nomeia com o neologismo “Esquizofrenia”
(Cisão da Mente) e designa com esse termo “um grupo de psicoses cujo
desenvolvimento é por vezes crónico, por vezes marcado por surtos
intermitentes, e que param ou regridem para qualquer estágio, mas que não
permitem um completo
restitutio ad
intregrum.
(Amaro, 2005).
e: "
1.1.2. As Habilidades Sociais
Habilidade Social, Competência Social e
Adaptação Social.
Devido a alguma utilização abusiva e
indiferenciada dos termos “Habilidade social”, “Competência Social” ou
“Adaptação Social” gostaríamos de começar, antes de mais, por referir a
diferença que existe entre estes conceitos, que segundo McFall (1982), citado
por Smith, Bellack e Liberman, R.
(1996) ou Mueser, Bellack, Morrison e Wixted (1990), é a seguinte: 1) Habilidade Social refere-se ao comportamento e às
capacidades específicas que o indivíduo apresenta a vários níveis, por exemplo
ao nível verbal, não verbal, ou paralinguístico, e que utiliza para interagir
com o seu meio social envolvente de uma forma competente; 2) A Competência
Social pode ser considerada como um termo de avaliação subjectivo dessas mesmas
capacidades, as quais o indivíduo emprega de forma a se adaptar e ajustar
favorávelmente a esse meio social envolvente. 3) A Adaptação Social refere-se
ao nível de ajuste do indivíduo com o supra citado meio, e resulta das suas
competências sociais.
Para McFall (1982), há duas
concepções subjacentes ao conceito de Habilidades Sociais. A primeira concepção
pressupõe o comportamento socialmente habilidoso como um traço ou uma
característica de personalidade adquirido hereditariamente, e onde o indivíduo
teria, à partida, mais ou menos capacidade para expressar e utilizar de forma
correcta esse comportamento, independentemente de outros factores. A segunda
refere que esse comportamento socialmente habilidoso pode ser adquirido através
de um processo de aprendizagem, e no qual o desempenho do sujeito numa situação
interpessoal, e a sua relação com o meio, são fruto da experiência de diversas
situações sociais experimentadas anteriormente.
O que se entende por um comportamento
socialmente habilidoso
Ainda não se chegou a um
consenso sobre o que se considera ser um comportamento socialmente habilidoso.
Várias definições têm sido dadas não se chegando contudo a um acordo explícito
para determinar com exactidão um comportamento com essas características. Até é
possível que nunca se chegue a acordo dado que como assinalam Meichenbaum,
Butler e Grudson (1981), citados por Caballo (1996), será impossível
desenvolver uma definição consistente de competência social, pois depende
parcialmente do contexto em mudança. A habilidade social deve considerar-se
dentro de um marco cultural determinado e os padrões de comunicação variam
amplamente entre culturas e dentro de uma mesma cultura, dependendo de factores
tais como a idade, o sexo, a classe social e a educação. A conduta considerada
adequada numa determinada situação pode efectivamente deixar de o ser noutra
situação diferente. Não é de estranhar portanto as dificuldades com que nos
deparamos quando tentamos uma definição cabal e compreensiva do constructo de
Habilidade Social. Apesar de tudo, e com os problemas que isso comporta,
poderemos tentar oferecer uma definição que reflecte da forma mais consensual o
que se entende por habilidade social. Assim, poder-se-á considerar um
comportamento socialmente habilidoso como um conjunto de comportamentos
emitidos por um indivíduo num contexto interpessoal que expressa os seus
sentimentos, atitudes, desejos, opiniões e direitos de um modo adequado à
situação, respeitando essas condutas nos outros, e que geralmente resolve os
problemas imediatos da situação em causa minimizando a probabilidade de futuros
problemas Uma característica básica de um comportamento socialmente habilidoso
é especificidade do contexto onde ele ocorre. Diferentes situações e contextos
requerem comportamentos distintos. Um indivíduo comporta-se de forma adequada
ou inadequada em determinadas situações. Também a probabilidade de ocorrência
de qualquer habilidade em qualquer situação crítica está determinada por
factores ambientais, variáveis da pessoa e à interacção entre ambas. Por
conseguinte, uma adequada conceptualização de uma conduta socialmente
habilidosa implica a especificação de três componentes, como sejam uma dimensão
comportamental, uma dimensão pessoal e uma dimensão situacional. (Caballo,
1986).
e:"
A assertividade é definida por
Caballo (1987) como uma conduta que implica a expressão directa dos próprios
sentimentos, necessidades, direitos legítimos ou opiniões, sem ameaçar ou
castigar os outros e sem violar os seus direitos. No treino da assertividade
consideramos duas dimensões:
a) Assertividade positiva:
·
Exprimir sentimentos positivos.
·
Realizar pedidos.
·
Pedir desculpas.
b) Assertividade negativa:
·
Recusar pedidos pouco razoáveis.
·
Resistir à persuasão.
·
Exprimir desaprovação e aborrecimento.
e:"
O que se entende por um comportamento
socialmente habilidoso
Ainda não se chegou a um
consenso sobre o que se considera ser um comportamento socialmente habilidoso.
Várias definições têm sido dadas não se chegando contudo a um acordo explícito
para determinar com exactidão um comportamento com essas características. Até é
possível que nunca se chegue a acordo dado que como assinalam Meichenbaum,
Butler e Grudson (1981), citados por Caballo (1996), será impossível
desenvolver uma definição consistente de competência social, pois depende
parcialmente do contexto em mudança. A habilidade social deve considerar-se
dentro de um marco cultural determinado e os padrões de comunicação variam
amplamente entre culturas e dentro de uma mesma cultura, dependendo de factores
tais como a idade, o sexo, a classe social e a educação. A conduta considerada
adequada numa determinada situação pode efectivamente deixar de o ser noutra
situação diferente. Não é de estranhar portanto as dificuldades com que nos
deparamos quando tentamos uma definição cabal e compreensiva do constructo de
Habilidade Social. Apesar de tudo, e com os problemas que isso comporta,
poderemos tentar oferecer uma definição que reflecte da forma mais consensual o
que se entende por habilidade social. Assim, poder-se-á considerar um
comportamento socialmente habilidoso como um conjunto de comportamentos
emitidos por um indivíduo num contexto interpessoal que expressa os seus
sentimentos, atitudes, desejos, opiniões e direitos de um modo adequado à
situação, respeitando essas condutas nos outros, e que geralmente resolve os
problemas imediatos da situação em causa minimizando a probabilidade de futuros
problemas Uma característica básica de um comportamento socialmente habilidoso
é especificidade do contexto onde ele ocorre. Diferentes situações e contextos
requerem comportamentos distintos. Um indivíduo comporta-se de forma adequada
ou inadequada em determinadas situações. Também a probabilidade de ocorrência
de qualquer habilidade em qualquer situação crítica está determinada por
factores ambientais, variáveis da pessoa e à interacção entre ambas. Por
conseguinte, uma adequada conceptualização de uma conduta socialmente
habilidosa implica a especificação de três componentes, como sejam uma dimensão
comportamental, uma dimensão pessoal e uma dimensão situacional. (Caballo,
1986).
Em
geral, os estudos sobre a eficácia das intervenções de treino de habilidades
sociais concluem que os esquizofrénicos melhoram as competências relacionadas
com a assertividade.