Qual a corrente filosófica que mais se aproxima da sua sensibilidade?

domingo, 22 de agosto de 2010

O mudo I

O Mudo costumava ficar de pé olhando em frente, como se estivesse olhando para o vazio, algo distante, na sua percepção que adquiria contemplativa, todas as nuances que uma pessoa banal não conseguia. As pessoas, passando ali na estrada de automóvel comprado a prestações a alguma empresa financeira pouco escrupulosa, mas muito orgulhosos, viam-no nessa posição horas a fio, e costumavam-lhe chamar de maluco! Louco! …


-Olha! Lá está o Mudo a olhar não sei para onde! Era melhor que fosse trabalhar…Dizia alguém que passava orgulhosamente, exibindo o seu quociente intelectual… (Risos) …Mas o Mudo não ouvia…Não ouvia nem falava…Tinha captado a essência do tempo nesses fragmentos quânticos de eternidade…E a sua descoberta só ele sabia…Paulo tinha ficado intrigado e curioso acerca do Mudo…Afinal a esquizofrenia não existia…Pelo menos como doença mental onde o individuo é quase obrigado pela maior parte dos médicos e psicólogos a ter um papel passivo na sua cura ou remissão.
Certo... Certo! …. Era que o único que parecia ser dono do seu próprio tempo era o Mudo, e não os demais!…Paulo invejava-o e admirava-o... Despojado de todos os valores materiais e morais, o Mudo parecia exercer um perfeito controlo consciente sobre o seu próprio destino e sobre o destino do mundo…Uma vez o Mudo disse-lhe que tinha lido que os antigos Egípcios acreditavam que o tempo andava em círculos e em ciclos. Pois bem, ele não sabia…

Sem comentários:

Enviar um comentário