Qual a corrente filosófica que mais se aproxima da sua sensibilidade?

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

"A história de um "filhe dólhão" que tem 60 anos de idade, chamado Edmontes " (Parte I)"

"A história de um "filhe dólhão" que tem 60 anos de idade, chamado Edmontes "

Eram 10h e meia da manhã,
quando passava junto à doca de Olhão,
em frente ao jardim dos Pescadores.
... O dia estava agreste apesar do Sol,
notando-se já o Inverno a entrar,
mais um Inverno!...
.Apesar de cara suave!
Suave agreste,
tal como a cara do Edmontes,
que quando o conheci há 22 anos atrás,
era só "Suave".
E não era um Português suave,
o que ele fumava,
naquele banco de jardim,
uma garrafa de cerveja numa mão,
e um cigarro de enrolar na outra,
aí se aperesentava o meu amigo,
que não via há muito tempo!
Passei a seu lado,
embrenhado nos meus pensamentos,
enquantoa andava e pensava,
pensava e andava,
dou tres passos e estanco,
eu conhecia aquela cara,...
volto para trás com os mesmo trés passos,
e olho bem para ele:
-Então Edmontes,
que fazes? Pergunto-lhe!
-Olha o meu amigo "carteiro". responde ele!
(Em olhão é quase um imperativo possuir-se uma Alcunha!)
Quem não a tem nesta cidade, não é pessoa de bem,
ou então é um forasteiro,
E a minha alcunha, naqueles tempos idos, de liberdade e Libertinagem,
era o "CARTEIRO"!
O Underground de Olhão,
no seu melhor!
Mais um sobrevivente este Edmontes,
pensei eu com os meus botões!
Aliás, dois sobreviventes,
ele e eu!
Os óculos escuros tapavam-lhe os olhos.
O seu rosto,
rosado por uma infecção na pele,
devido, ao que me disse,
inalação, de fumos de Heroína,
(A vulgo "chinesa"),
e salpicado por pequenos bicos de pus,
que lhe provocava pruridos,
não era suficiente,
para fazer desaparecer o seu reflexo,
ainda visivel,
de juventude esquecida,
e hà pouco, desaparecida,
deixando à vista,
um rosto de "bon vivant",
à sua maneira de ser,
de um Ser inconvencional,
rendido aos prazeres da vida,
e da carne,
e do espírito,
e a todos os prazeres,
que mais houvessem,
para ele os devorar...
Nascido para consumir o seu quinhão,
aqui nesta "Terra",
sem apelo nem agravo,
nem mácula nem arrependimento,
a unica mácula seria mesmo,
a sua vermelhidão na cara!
A história (não subescrevi o acordo) de Edmontes,
confunde-se com a dos anos 70,
em Portugal,
e com a história do povo de Olhão,
que "suja" as mãos no trabalho,
que "vai" ao Mar, sem ter vergonha,
de ser pescador!
Que afirma a sua identidade!
Edmontes viveu a Revolução dos Cravos,
fumou aquele tabaco tradicional de Angola,
quando era jovem,
e foi influenciado pela cultura,
da época,
e influenciou aqueles que com ele conviveram...
O seu olhar distante,
percorre o horizonte lá longe,
depois das águas da Ria Formosa,
onde esta se junta com o Mar,
nas ilhas da Culatra ,
Armona, Farol, Hangares...
O seu olhar,
sem os óculos escuros,
revelam uns olhos toldados,
de nostalgia e sensibilidade,
-"Só se vive uma vez",
diz-me ele...
Transparentes de água,
e brilhantes,
sussuram memórias episódicas,
e explicitas de mais Histórias,
que contarei no próximo capítulo,
se o Houver!
e Muito mais,
haveria a dizer!......
Sobre as circunstãncias,
em que conheci o EDMONTES,
mas fica para amanhã!

Sem comentários:

Enviar um comentário