Qual a corrente filosófica que mais se aproxima da sua sensibilidade?

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

José Paulino no Volume I da Colectânea de Micro Narrativas Ficcionais, da Chiado Books

Mais uma vez, José Paulino foi seleccionado com um conto (micro-conto) para o Volume I da Colectânea de Micro Narrativas Ficcionais, da Chiado Books.  Também na  colectânea de contos de Natal 2018,  da editora Chiado Books,  tinha já participado com um conto que a seguir publicamos:

"Era Natal e Maria estava num lar, mas nunca se tinha adaptado muito bem aquela nova realidade, longe da sua filha e da sua neta e dos amigos da aldeia onde antes vivia.
-A dona Maria já sabe o que aconteceu aos Silva, que moravam ali abaixo? Perguntou-lhe a assistente social.
-Já sei sim, senhora Doutora! Foram assaltados e os ladrões maltrataram o marido da Ana Silva. Toda a vizinhança já sabe! Isto aqui era tão sossegado antigamente, não sei como podem agora as pessoas andarem a fazer estas maldades.
-Por isso estou aqui a propor-lhe que passe a viver no lar da Aldeia, é muito mais seguro para si Dona Maria, que diz? A Assistente Social estava ali apenas com o propósito de a levar a ir viver para o lar.
-Não sei, mas vou pensar. Foi a resposta da Dona Maria. Uma semana depois estava no lar.
Fazia já pouco mais de um ano que estava ali, e nesta altura do Natal relembrou também os pedidos que fazia ao menino Jesus e ao Pai Natal quando era criança:
Desta vez não queria brinquedos, não queria dinheiro, não queria bolos nem nada de material, apenas queria ver a sua filha e a sua neta, pois só esse sentimento a faria feliz! O tempo de criança já lá ia….
-Não penses que te vêm ver este Natal, o Pai Natal não existe…. Ouviu uma voz dizer-lhe, talvez a voz ou uma das vozes da sua consciência. A voz da desesperança.
-Não sei porque me dizes isso “voz”, eu gostava tanto de voltar para casa, onde era feliz….
O Dia de Natal era dali a dois dias e cada vez mais lhe parecia uma parvoíce desejar que a família a fosse visitar, afinal só por uma vez a foram ver ao lar, e foi dois dias depois de ela lá ter dado entrada. Certo é que no dia de Natal quase todas as suas amigas e amigos foram visitados pela família, era tarde, e já se estava a jantar e a sua família não a tinha vindo ver. Até que, como a esperança é a ultima a morrer, pouco antes da meia noite apareceu a sua filha com a neta, e disseram-lhe assim:
-Olá mãe, venho fazer-lhe uma grande surpresa. Vamos viver todos juntos a partir de hoje. E já vamos passar a meia-noite a casa. Eu vendi a minha casa e tomei a decisão de irmos todos viver para a aldeia para a sua antiga casa, como uma verdadeira família. Vamos restaurar a casa onde vivemos e onde a mãe foi feliz!
Maria chorava de alegria e apenas disse: Não acredito! Afinal sempre existe o Pai Natal! Agarrou a mão da neta Mariana e abraçou-se à filha e as três saíram dali para chegarem a casa a tempo de festejarem esse Natal em que a família se reuniu para não mais se separar, pelo menos até ao fim da velhice da Dona Maria!"

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